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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AS IDEOLOGIAS DO SÉCULO XIX²

2º Ano – 3º Bimestre/2013

Aula 3 –  As doutrinas sociais do século XIX
   

 O Socialismo

Com o Iluminismo, determinados intelectuais no séc. XVIII (último século da Época Moderna) estabeleceram que a sociedade, de um modo geral, para se tornar melhor, teria que construir um caminhar do presente em relação ao futuro guiado pela Razão; ou seja, pela Racionalidade. Contudo, para que isso acontecesse efetivamente, era necessário que se tivesse Liberdade; e assim a Modernidade Iluminista, fruto do desenvolvimento das forças capitalistas no Ocidente, estava definindo os pilares de sustentação ideológica para orientação das sociedades contemporâneas: A Razão e A Liberdade.
Como a origem do pensamento filosófico iluminista, em larga medida, teve uma relação muito próxima, como foi dito, ao desenvolvimento das forças capitalistas, era óbvio que sua classe social, a burguesia, de certa maneira, viesse a intervir em suas principais concepções filosóficas. E sendo assim, intelectuais e políticos burgueses formularam uma ideologia política inspirada no Iluminismo. Esta ideologia política ficou conhecida como O Liberalismo, formulada para guiar a organização dos governos que no século XIX, pouco a pouco, foram sendo dominados pelos representantes do Capitalismo. O que se deduz é que o Liberalismo, quando a burguesia não estava no poder e fazia uma oposição radical à nobreza e ao Absolutismo, na passagem do séc. XVIII para o XIX, era revolucionário; contudo, quando esta classe e esta sua ideologia tomam o poder, de revolucionários tornam-se conservadores; era necessário que novas forças sociais propusessem que a mudança em direção a um futuro melhor continuasse – surgem intelectuais que, neste contexto, de hegemonia capitalista e dominação e exploração dos burgueses sobre os trabalhadores, formulam O SOCIALISMO; nova ideologia, revolucionária e também oriunda dos valores iluministas, porém comprometida com a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e com a divisão da riqueza de forma igual entre todos da sociedade.
O Socialismo surge no início do séc. XIX, em um ambiente cultural (artístico, filosófico e intelectual) Romântico, “cansado”, em certa medida, da racionalidade iluminista, e defendendo que as emoções subjetivas e abstratas seriam mais valiosas nas conduções de nossas vidas do que a fria racionalidade, vinculada a uma objetividade concreta e realista; desta maneira, o Socialismo nasce como um sentimento de se construir um mundo melhor (e é por isso que mais tarde outros intelectuais dirão que este primeiro socialismo é sonhador, “utópico”). Com o passar do tempo – no próprio séc. XIX –, o pensamento socialista vai se desenvolvendo e evoluindo para novos conceitos teóricos acerca de como se pode construir uma sociedade mais justa; e é por isso que não existe um Socialismo e sim Socialismos.

As Principais Correntes Socialistas Surgidas No Século XIX Foram:
- O Socialismo Utópico: do início do século, trata-se das primeiras manifestações de caráter socialista; de características românticas, propunha um mundo melhor (com sociedades fraternas, associativas e comunitárias), mas com explicações muito subjetivas de como se conseguir este mundo. Seus principais intelectuais foram Charles Fourier, Robert Owen e Saint-Simon.
- O Anarquismo: também conhecido como "Socialismo Libertário", seus intelectuais, mais radicais, propunham que era necessário reeducar os trabalhadores para que os mesmos tomassem consciência de sua situação e se organizassem, por exemplo, em sindicatos ou associações comunitárias (nunca em partidos). Defendiam que esta nova consciência e que estas novas organizações sindicais e comunitárias das classes trabalhadoras deveriam convocar uma Greve Geral, gerar um colapso no sistema capitalista e, aí sim, provocar uma “atmosfera” perturbadora, insurgente e rebelde, pronta para a Revolução que destruiria todas as autoridades que constrangem as classes populares, sobretudo o Estado, que seria destruído, junto com o capitalismo, e assim teríamos uma sociedade Comunista (baseada na comunidade). Eram contra, portanto, a todas as autoridades instituídas pela “velha sociedade”, como a religião e o Estado; e a favor da auto-organização comunitária. (Obs.: o que os jovens de hoje, do séc. XXI, no Rio e São Paulo – mas também de outras partes do mundo, como os jovens de Nova Iorque, que propuseram “Ocupar Wall Street” – é muito parecido com o que os anarquistas do séc. XIX propunham. Há um grupo, por exemplo, os “Black Blocs”, que se intitulam como anarcopunks e que tentam promover um ambiente perturbador para que as coisas de fato mudem). Os principais anarquistas do século XIX foram: Proudhon (que disse que “toda a propriedade é um roubo”), Bakunin e Kropotkin. Exitem várias correntes anarquistas (verifique no link ao lado).
- O Socialismo Científico: da 2ª ½ do XIX, e, portanto, comprometido com um ambiente cultural não mais do Romantismo e sim do Realismo (um retorno ao racionalismo iluminista), seus formuladores, Karl Marx e Friedrich Engels, alegavam, diferentemente de seus antecessores (inclusive foram eles que definiram os primeiros socialistas como utópicos), que era preciso estudar cientificamente a sociedade e sua história, principalmente a economia capitalista, para poder entendê-la e, de fato, transformá-la de forma revolucionária; e quem faria esta revolução seria A Classe Operária. Propunham que a revolução operária, primeiramente, acabaria com o Estado capitalista e burguês e colocaria no lugar um Estado socialista e operário. Com uma política não liberal, o Partido Operário, controlador do governo, dividiria a riqueza entre todos. Isso feito, no longo prazo, um novo homem surgiria não mais preocupado em acumular riqueza, pois esta estaria com todos igualmente. Estaríamos pronto para acabar com o Estado e criar a “sociedade perfeita”, a Comunista, sem Estado, sem classes sociais e com todos tendo os mesmos direitos econômicos, sociais, políticos e culturais. O Socialismo Científico também ficou conhecido como Marxismo e Comunismo (seria interessante você pesquisar alguns conceitos marxistas como “o materialismo histórico e dialético”, “a luta-de-classes”, “a revolução operária”, “a ditadura do proletariado”, “o trotskismo”, “o marxismo-leninismo”, “a teoria da práxis” e “a mais-valia”). Um feito importante: o marxismo influenciou a Revolução Russa de 1917 (que você estudará ano que vem, no 3º ano).
Obs.: a partir do século XIX, intelectuais socialistas, partidos de esquerda (a “esquerda” se inclina aos trabalhadores e ao socialismo e a “direita” à burguesia e ao capitalismo – seria interessante você pesquisar a origem destes termos na Revolução Francesa, 1789-1799) e representantes dos trabalhadores (em Sindicatos e Partidos Operários) vêm contribuindo na Luta por um mundo melhor.

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