O Socialismo
Com o Iluminismo,
determinados intelectuais no séc. XVIII (último século da Época Moderna)
estabeleceram que a sociedade, de um modo geral, para se tornar melhor, teria
que construir um caminhar do presente em relação ao futuro guiado pela Razão;
ou seja, pela Racionalidade. Contudo, para que isso acontecesse efetivamente,
era necessário que se tivesse Liberdade; e assim a Modernidade Iluminista, fruto do desenvolvimento das forças
capitalistas no Ocidente, estava definindo os pilares de sustentação ideológica
para orientação das sociedades contemporâneas: A Razão e A Liberdade.
Como a origem do
pensamento filosófico iluminista, em larga medida, teve uma relação muito
próxima, como foi dito, ao desenvolvimento das forças capitalistas, era óbvio
que sua classe social, a burguesia, de certa maneira, viesse a intervir em suas
principais concepções filosóficas. E sendo assim, intelectuais e políticos
burgueses formularam uma ideologia política inspirada no Iluminismo. Esta
ideologia política ficou conhecida como O Liberalismo, formulada para
guiar a organização dos governos que no século XIX, pouco a pouco, foram sendo dominados
pelos representantes do Capitalismo. O que se deduz é que o Liberalismo, quando
a burguesia não estava no poder e fazia uma oposição radical à nobreza e ao
Absolutismo, na passagem do séc. XVIII para o XIX, era revolucionário; contudo,
quando esta classe e esta sua ideologia tomam o poder, de revolucionários
tornam-se conservadores; era necessário que novas forças sociais propusessem
que a mudança em direção a um futuro melhor continuasse – surgem intelectuais
que, neste contexto, de hegemonia capitalista e dominação e exploração dos
burgueses sobre os trabalhadores, formulam O
SOCIALISMO; nova ideologia, revolucionária e também oriunda dos valores
iluministas, porém comprometida com a melhoria das condições de vida dos
trabalhadores e com a divisão da riqueza de forma igual entre todos da
sociedade.
O Socialismo surge no início do séc.
XIX, em um ambiente cultural (artístico, filosófico e intelectual) Romântico,
“cansado”, em certa medida, da racionalidade iluminista, e defendendo que as
emoções subjetivas e abstratas seriam mais valiosas nas conduções de nossas
vidas do que a fria racionalidade, vinculada a uma objetividade concreta e
realista; desta maneira, o Socialismo nasce como um sentimento de se construir
um mundo melhor (e é por isso que mais tarde outros intelectuais dirão que este
primeiro socialismo é sonhador, “utópico”). Com o passar do tempo – no próprio
séc. XIX –, o pensamento socialista vai se desenvolvendo e evoluindo para novos
conceitos teóricos acerca de como se pode construir uma sociedade mais justa; e
é por isso que não existe um Socialismo e sim Socialismos.
As Principais Correntes Socialistas
Surgidas No Século XIX Foram:
- O Socialismo Utópico: do início
do século, trata-se das primeiras manifestações de caráter socialista; de
características românticas, propunha um mundo melhor (com sociedades fraternas,
associativas e comunitárias), mas com explicações muito subjetivas de como se
conseguir este mundo. Seus principais intelectuais foram Charles Fourier,
Robert Owen e Saint-Simon.
- O Anarquismo: também conhecido como "Socialismo Libertário", seus
intelectuais, mais radicais, propunham que era necessário reeducar os
trabalhadores para que os mesmos tomassem consciência de sua situação e se
organizassem, por exemplo, em sindicatos ou associações comunitárias (nunca em
partidos). Defendiam que esta nova consciência e que estas novas organizações
sindicais e comunitárias das classes trabalhadoras deveriam convocar uma Greve
Geral, gerar um colapso no sistema capitalista e, aí sim, provocar uma
“atmosfera” perturbadora, insurgente e rebelde, pronta para a Revolução que
destruiria todas as autoridades que constrangem as classes populares, sobretudo
o Estado, que seria destruído, junto com o capitalismo, e assim teríamos uma
sociedade Comunista (baseada na comunidade). Eram contra, portanto, a todas as autoridades
instituídas pela “velha sociedade”, como a religião e o Estado; e a favor da
auto-organização comunitária. (Obs.: o que os jovens de hoje, do séc. XXI, no
Rio e São Paulo – mas também de outras partes do mundo, como os jovens de Nova
Iorque, que propuseram “Ocupar Wall Street” – é muito parecido com o que os
anarquistas do séc. XIX propunham. Há um grupo, por exemplo, os “Black Blocs”,
que se intitulam como anarcopunks e
que tentam promover um ambiente perturbador para que as coisas de fato mudem).
Os principais anarquistas do século XIX foram: Proudhon (que disse que “toda a
propriedade é um roubo”), Bakunin e Kropotkin. Exitem várias correntes anarquistas (verifique no link ao lado).
- O Socialismo Científico: da 2ª
½ do XIX, e, portanto, comprometido com um ambiente cultural não mais do
Romantismo e sim do Realismo (um retorno ao racionalismo iluminista), seus
formuladores, Karl Marx e Friedrich Engels, alegavam, diferentemente
de seus antecessores (inclusive foram eles que definiram os primeiros
socialistas como utópicos), que era preciso estudar cientificamente a sociedade
e sua história, principalmente a economia capitalista, para poder entendê-la e,
de fato, transformá-la de forma revolucionária; e quem faria esta revolução
seria A Classe Operária. Propunham que a revolução operária, primeiramente,
acabaria com o Estado capitalista e burguês e colocaria no lugar um Estado
socialista e operário. Com uma política não liberal, o Partido Operário,
controlador do governo, dividiria a riqueza entre todos. Isso feito, no longo
prazo, um novo homem surgiria não mais preocupado em acumular riqueza, pois
esta estaria com todos igualmente. Estaríamos pronto para acabar com o Estado e
criar a “sociedade perfeita”, a Comunista,
sem Estado, sem classes sociais e com todos tendo os mesmos direitos
econômicos, sociais, políticos e culturais. O Socialismo Científico também
ficou conhecido como Marxismo e Comunismo (seria interessante você pesquisar
alguns conceitos marxistas como “o materialismo histórico e dialético”, “a
luta-de-classes”, “a revolução operária”, “a ditadura do proletariado”, “o
trotskismo”, “o marxismo-leninismo”, “a teoria da práxis” e “a mais-valia”). Um feito importante: o marxismo
influenciou a Revolução Russa de 1917 (que você estudará ano que vem, no 3º
ano).
Obs.: a partir do século XIX, intelectuais
socialistas, partidos de esquerda (a “esquerda” se inclina aos
trabalhadores e ao socialismo e a “direita” à burguesia e ao capitalismo –
seria interessante você pesquisar a origem destes termos na Revolução Francesa,
1789-1799) e representantes dos trabalhadores (em Sindicatos e Partidos
Operários) vêm contribuindo na Luta
por um mundo melhor.
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