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sábado, 19 de outubro de 2013

O Primeiro Reinado

2º Ano – 4º Bimestre/2013

Aula 7 –  História do Brasil: A Independência e o 1º Reinado (1822-1831)

Introdução
O Primeiro Reinado é a fase da História do Brasil que corresponde ao governo de D. Pedro I. Tem início em 7 de setembro de 1822, com a Independência do Brasil e termina em 7 de abril de 1831, com a abdicação de D. Pedro I. Mas o Primeiro Reinado é também a 1ª fase do 2º período da História brasileira a partir de 1500. A partir deste ano, podemos dizer que a História brasileira tem três períodos (Colônia, Império e República); portanto, o Primeiro Reinado é a 1ª fase do Império (que também tem a Regência e o Segundo Reinado).
O governo de D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para consolidar a independência, pois no Primeiro Reinado ocorrem muitas revoltas regionais, oposições políticas internas.

Reações ao processo de Independência
Em algumas províncias do Norte e Nordeste do Brasil, militares e políticos, ligados a Portugal, não queriam reconhecer o novo governo de D. Pedro I. Nestas regiões ocorreram muitos protestos e reações políticas. Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e Bahia ocorreram conflitos armados entre tropas locais e oficiais.

Constituição de 1824
Em 1823, durante a elaboração da primeira Constituição brasileira, os políticos tentaram limitar os poderes do imperador. Foi uma reação política a forma autoritária de governar do imperador. Neste mesmo ano, o imperador, insatisfeito com a Assembleia Constituinte, ordenou que as forças armadas fechassem a Assembleia. Alguns deputados foram presos.
D. Pedro I escolheu dez pessoas de sua confiança para elaborar a nova Constituição. Esta foi outorgada em 25 de março de 1824 e apresentou todos os interesses autoritários do imperador. Além de definir os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), criou o poder Moderador, exclusivo do imperador, que lhe concedia diversos poderes políticos.
A Constituição de 1824 também definiu leis para o processo eleitoral no país. De acordo com ela, só poderiam votar os grandes proprietários de terras, do sexo masculino e com mais de 25 anos. Para ser candidato também era necessário comprovar alta renda (400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para senador).

Guerra da Cisplatina
Este foi outro fato que contribuiu para aumentar o descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I. Entre 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira (atual Uruguai) reivindicava a independência. A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros para o império. Derrotado, o Brasil teve que reconhecer a independência da Cisplatina que passou a se chamar República Oriental do Uruguai.

Confederação do Equador
As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará formaram, em 1824 a Confederação do Equador. Era a tentativa de criar um estado independente e autônomo do governo central. A insatisfação popular com as condições sociais do país e o descontentamento político da classe média e fazendeiros da região com o autoritarismo de D. Pedro I foram as principais causas deste movimento.
Em 1824, Manuel de Carvalho Pais de Andrade tornou-se líder do movimento separatista e declarou guerra ao governo imperial. 
O governo central reagiu rapidamente e com todos as forças contra as províncias separatistas. Muitos revoltosos foram presos, sendo que dezenove foram condenados a morte. A confederação foi desfeita, porém a insatisfação com o governo de D.Pedro I só aumentou.

Desgaste e crise do governo de D.Pedro I
Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D.Pedro I estava extremamente desgastado. O descontentamento popular com a situação social do país era grande. O autoritarismo do imperador deixava grande parte da elite política descontente. A derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos financeiros e sofrimento para as famílias dos soldados mortos. Além disso, as revoltas e movimentos sociais de oposição foram desgastando, aos poucos, o governo imperial.
Outro fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do jornalista Libero Badaró. Forte crítico do governo imperial, Badaró foi assassinado no final de 1830. A polícia não encontrou o assassino, porém a desconfiança popular caiu sobre homens ligados ao governo imperial.
Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D.Pedro I foi recebido no Rio de Janeiro com atos de protestos de opositores. Alguns mais exaltados chegaram a jogar garrafas no imperador, conflito que ficou conhecido como “A Noite das Garrafadas”. Os comerciantes portugueses, que apoiavam D.Pedro I entraram em conflitos de rua com os opositores.

Abdicação
Sentindo a forte oposição ao seu governo e o crescente descontentamento popular, D. Pedro percebeu que não tinha mais autoridade e forças políticas para se manter no poder.
Em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou em favor de seu filho Pedro de Alcântara, então com apenas 5 anos de idade. Logo ao deixar o poder viajou para a Europa.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A Independência da América Hispânica

2º Ano – 4º Bimestre/2013

Aula 6 –  As Independências América do Norte (Séc. XIX)

O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.
Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.
Ao mesmo tempo em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Dois claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).
No final do século XVIII, a ascensão de Napoleão frente ao Estado francês e a demanda britânica e norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores serão dois pontos cruciais para a independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha, desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol na região.
É nesse momento, no início do século XIX, que a mobilização ganha seus primeiros contornos. A restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos. Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os criollos convocaram as populações coloniais a se rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos sequenciaram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.

No ano de 1826, com toda América Latina independente, as novas nações reuniram-se no Congresso do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um amplo projeto de solidariedade e integração político-econômica entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram a esse projeto, que ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com isso, a América Latina acabou mantendo-se fragmentada.
O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da situação socioeconômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao logo da História latino-americana.

Por Rainer Sousa,
Mestre em História


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Independência dos Eua

2º Ano – 3º Bimestre/2013
Aula 5 –  A Independência das 13 Colônias Inglesas no Litoral Atlântico da América do Norte - ou A Revolução Americana de Independência; uma revolução burguesa (04 de Julho 1776) 


Introdução
Antes da Independência, os EUA eram formados por treze colônias controladas por uma metrópole Europeia: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.
Colonização dos Estados Unidos
Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano é importante conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses começaram a colonizar a região no século XVII. A colônia recebeu dois tipos de colonização com diferenças acentuadas:
- Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as seguintes características: mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o consumo do mercado interno.
- Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura.
Guerra dos Sete Anos
Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.
Metrópole aumenta taxas e impostos
A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa),  Lei do Selo (todo produto que circulava na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas).
Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston ( The Boston Tea Party ). Vários colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade.
Primeiro Congresso da Filadélfia
Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia.
Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no processo de independência.
Segundo Congresso da Filadélfia
Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha.
Constituição dos Estados Unidos
Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do cidadão. 
Saiba Mais (bibliografia indicada):
A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Autor: Driver, Stephanie Schwartz. Editora: Jorge Zahar.
1776 - A História dos Homens que Lutaram Pela Independência dos Estados Unidos. Autor: Mccullough, David. Editora: Jorge Zahar.
Rupturas - 4 de Julho de 1776 - Independência dos Estados Unidos da América. Autor: Junqueira, Mary Anne. Editora: Nacional


O Imperialismo e o Neocolonialismo


2º Ano – 3º Bimestre/2013
Aula 4 –  O Imperialismo 


Imperialismo  é a prática através da qual, nações poderosas procuram ampliar e manter controle ou influência sobre povos ou nações mais pobres.
Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a expansão econômica dos países capitalistas; outras vezes é usado para designar a expansão europeia após 1870. Embora Imperialismo signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam usados da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e outro.
Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação de território e perda da soberania.
Imperialismo se refere, em geral, ao controle e influência que é exercido tanto formal como informalmente, direta ou indiretamente, política ou economicamente.
Ações imperialistas na África e na Ásia
África:
Na metade do século XIX a presença colonial europeia na África estava limitada aos colonos holandeses e britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e franceses na África do Norte.
A descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em 1869, despertaram a atenção da Europa sobre a importância econômica e estratégica do continente. Os países europeus rapidamente começaram a disputar os territórios.
Em algumas áreas os europeus usaram forças militares para conquistar os territórios, em outras, os líderes africanos e os europeus entraram em entendimento a respeito do controle em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram decisivos para que os europeus pudessem manter tudo sob controle.
Grã Bretanha, França, Portugal e Bélgica controlavam a maior parte do território africano, a Alemanha também possuía lá, muitas terras, mas as perdeu depois da I Guerra Mundial.
Os estilos variavam, mas os poderosos colonizadores fizeram poucos esforços para desenvolver suas colônias. Elas eram apenas locais de onde tiravam matérias-primas e para onde vendiam os produtos manufaturados.
Talvez o pior legado do Colonialismo tenha sido a divisão da África em mais de 50 Estados cujas fronteiras foram demarcadas sem dar a menor importância aonde as pessoas viviam e como organizavam sua própria divisão política.
As fronteiras atuais, em geral, dividem uma única comunidade étnica em duas ou mais nações. Por exemplo: embora a maioria dos Somalis viva na Somália, eles constituem uma significativa minoria no Quênia e na Etiópia e muitos deles gostariam de ser cidadãos da Somália.
Outro legado ruim do Colonialismo foi o seu efeito na vida econômica dos povos africanos. O sistema colonial destruiu o padrão econômico que lá existia. O colonialismo também ligou a África economicamente às grandes potências e os benefícios desse sistema sempre vão para os países poderosos e nunca de volta para África.
A história da exploração econômica teve um papel importante na forma como certos governos africanos independentes, se preocuparam em desenvolver suas próprias economias. Alguns países, como a Costa do Marfim, criaram uma base econômica orientada para a exportação dentro das regras coloniais. Outros, como a Tanzânia, procuraram redirecionar sua economia para a produção de grãos e de bens necessários para o seu povo.
O terceiro mal causado pelo colonialismo foi a introdução de ideias europeias de superioridade racial e cultural, dando pouco ou nenhum valor às manifestações culturais dos povos africanos. Aos poucos os africanos estão recuperando o orgulho por sua cor, raça e cultura.
Ásia:
O período da conquista europeia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até a metade do século XX. Alguns historiadores acreditam que esse período ainda não terminou.
O interesse europeu pela Ásia começou com uma curiosidade e se tornou um desejo de exploração de suas riquezas. Para isso, os europeus tiveram que conquistar e colonizar essas terras, isso aconteceu nos séculos XIX e XX. Na época da I Guerra Mundial, a maior parte da Ásia estava sob controle europeu.
Três ou quatro séculos de contato e controle europeu trouxeram boas e más consequências para Ásia. As contribuições europeias foram as novas ideias e técnicas para agricultura, indústria, comércio, saúde, educação e administração política.
Poucas culturas asiáticas estavam aptas para se adaptar a essas novas regras e ideias, mas aquelas que, como o Japão, conseguiram, tiraram muito proveito após sua independência.
Dentre os problemas do Colonialismo, a exploração das riquezas, que os europeus levavam para as metrópoles, a divisão da Ásia sem levar em conta suas culturas, povos e regiões físicas. Houve também os problemas políticos e sociais causados pelas minorias estrangeiras, como a cultura francesa na Indochina, que se chocava com a cultura existente nesse país.
Até hoje existem problemas desse tipo nas nações asiáticas.
Conclusão
É assim que podemos compreender as dificuldades que certos países têm até os dias atuais. As marcas profundas deixadas pelo Colonialismo se refletem em suas culturas, políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas nações poderosas.
É a esse domínio que chamamos Imperialismo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AS IDEOLOGIAS DO SÉCULO XIX²

2º Ano – 3º Bimestre/2013

Aula 3 –  As doutrinas sociais do século XIX
   

 O Socialismo

Com o Iluminismo, determinados intelectuais no séc. XVIII (último século da Época Moderna) estabeleceram que a sociedade, de um modo geral, para se tornar melhor, teria que construir um caminhar do presente em relação ao futuro guiado pela Razão; ou seja, pela Racionalidade. Contudo, para que isso acontecesse efetivamente, era necessário que se tivesse Liberdade; e assim a Modernidade Iluminista, fruto do desenvolvimento das forças capitalistas no Ocidente, estava definindo os pilares de sustentação ideológica para orientação das sociedades contemporâneas: A Razão e A Liberdade.
Como a origem do pensamento filosófico iluminista, em larga medida, teve uma relação muito próxima, como foi dito, ao desenvolvimento das forças capitalistas, era óbvio que sua classe social, a burguesia, de certa maneira, viesse a intervir em suas principais concepções filosóficas. E sendo assim, intelectuais e políticos burgueses formularam uma ideologia política inspirada no Iluminismo. Esta ideologia política ficou conhecida como O Liberalismo, formulada para guiar a organização dos governos que no século XIX, pouco a pouco, foram sendo dominados pelos representantes do Capitalismo. O que se deduz é que o Liberalismo, quando a burguesia não estava no poder e fazia uma oposição radical à nobreza e ao Absolutismo, na passagem do séc. XVIII para o XIX, era revolucionário; contudo, quando esta classe e esta sua ideologia tomam o poder, de revolucionários tornam-se conservadores; era necessário que novas forças sociais propusessem que a mudança em direção a um futuro melhor continuasse – surgem intelectuais que, neste contexto, de hegemonia capitalista e dominação e exploração dos burgueses sobre os trabalhadores, formulam O SOCIALISMO; nova ideologia, revolucionária e também oriunda dos valores iluministas, porém comprometida com a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e com a divisão da riqueza de forma igual entre todos da sociedade.
O Socialismo surge no início do séc. XIX, em um ambiente cultural (artístico, filosófico e intelectual) Romântico, “cansado”, em certa medida, da racionalidade iluminista, e defendendo que as emoções subjetivas e abstratas seriam mais valiosas nas conduções de nossas vidas do que a fria racionalidade, vinculada a uma objetividade concreta e realista; desta maneira, o Socialismo nasce como um sentimento de se construir um mundo melhor (e é por isso que mais tarde outros intelectuais dirão que este primeiro socialismo é sonhador, “utópico”). Com o passar do tempo – no próprio séc. XIX –, o pensamento socialista vai se desenvolvendo e evoluindo para novos conceitos teóricos acerca de como se pode construir uma sociedade mais justa; e é por isso que não existe um Socialismo e sim Socialismos.

As Principais Correntes Socialistas Surgidas No Século XIX Foram:
- O Socialismo Utópico: do início do século, trata-se das primeiras manifestações de caráter socialista; de características românticas, propunha um mundo melhor (com sociedades fraternas, associativas e comunitárias), mas com explicações muito subjetivas de como se conseguir este mundo. Seus principais intelectuais foram Charles Fourier, Robert Owen e Saint-Simon.
- O Anarquismo: também conhecido como "Socialismo Libertário", seus intelectuais, mais radicais, propunham que era necessário reeducar os trabalhadores para que os mesmos tomassem consciência de sua situação e se organizassem, por exemplo, em sindicatos ou associações comunitárias (nunca em partidos). Defendiam que esta nova consciência e que estas novas organizações sindicais e comunitárias das classes trabalhadoras deveriam convocar uma Greve Geral, gerar um colapso no sistema capitalista e, aí sim, provocar uma “atmosfera” perturbadora, insurgente e rebelde, pronta para a Revolução que destruiria todas as autoridades que constrangem as classes populares, sobretudo o Estado, que seria destruído, junto com o capitalismo, e assim teríamos uma sociedade Comunista (baseada na comunidade). Eram contra, portanto, a todas as autoridades instituídas pela “velha sociedade”, como a religião e o Estado; e a favor da auto-organização comunitária. (Obs.: o que os jovens de hoje, do séc. XXI, no Rio e São Paulo – mas também de outras partes do mundo, como os jovens de Nova Iorque, que propuseram “Ocupar Wall Street” – é muito parecido com o que os anarquistas do séc. XIX propunham. Há um grupo, por exemplo, os “Black Blocs”, que se intitulam como anarcopunks e que tentam promover um ambiente perturbador para que as coisas de fato mudem). Os principais anarquistas do século XIX foram: Proudhon (que disse que “toda a propriedade é um roubo”), Bakunin e Kropotkin. Exitem várias correntes anarquistas (verifique no link ao lado).
- O Socialismo Científico: da 2ª ½ do XIX, e, portanto, comprometido com um ambiente cultural não mais do Romantismo e sim do Realismo (um retorno ao racionalismo iluminista), seus formuladores, Karl Marx e Friedrich Engels, alegavam, diferentemente de seus antecessores (inclusive foram eles que definiram os primeiros socialistas como utópicos), que era preciso estudar cientificamente a sociedade e sua história, principalmente a economia capitalista, para poder entendê-la e, de fato, transformá-la de forma revolucionária; e quem faria esta revolução seria A Classe Operária. Propunham que a revolução operária, primeiramente, acabaria com o Estado capitalista e burguês e colocaria no lugar um Estado socialista e operário. Com uma política não liberal, o Partido Operário, controlador do governo, dividiria a riqueza entre todos. Isso feito, no longo prazo, um novo homem surgiria não mais preocupado em acumular riqueza, pois esta estaria com todos igualmente. Estaríamos pronto para acabar com o Estado e criar a “sociedade perfeita”, a Comunista, sem Estado, sem classes sociais e com todos tendo os mesmos direitos econômicos, sociais, políticos e culturais. O Socialismo Científico também ficou conhecido como Marxismo e Comunismo (seria interessante você pesquisar alguns conceitos marxistas como “o materialismo histórico e dialético”, “a luta-de-classes”, “a revolução operária”, “a ditadura do proletariado”, “o trotskismo”, “o marxismo-leninismo”, “a teoria da práxis” e “a mais-valia”). Um feito importante: o marxismo influenciou a Revolução Russa de 1917 (que você estudará ano que vem, no 3º ano).
Obs.: a partir do século XIX, intelectuais socialistas, partidos de esquerda (a “esquerda” se inclina aos trabalhadores e ao socialismo e a “direita” à burguesia e ao capitalismo – seria interessante você pesquisar a origem destes termos na Revolução Francesa, 1789-1799) e representantes dos trabalhadores (em Sindicatos e Partidos Operários) vêm contribuindo na Luta por um mundo melhor.

sábado, 3 de agosto de 2013

AS IDEOLOGIAS DO SÉCULO XIX

2º Ano – 3º Bimestre/2013

Aula 2 –  As doutrinas sociais do século XIX 
 

O Liberalismo 

É comum confundirmos, simplesmente, “Liberalismo” à palavra “Liberdade”; contudo, a despeito da pertinência da óbvia relação entre estes dois termos, não é tão simples assim. Enquanto vocábulo, meramente, “Liberalismo” deriva de “Liberdade”; porém, enquanto conteúdo semântico, provém de certo tipo de liberdade.
Nas principais potências da Europa Ocidental do séc. XVIII, último século da Época Moderna (a época era “Moderna”, mas a sociedade era “Antiga” – ver o que foi “A Sociedade do Antigo Regime” na Europa Ocidental durante a Época Moderna; suas principais características, dentre outras coisas, o Absolutismo, o Mercantilismo e o Colonialismo), forças sociais levantam-se politicamente contra a cultura e a tradição do período de não se ter “liberdades” de um modo geral. O sistema político e econômico estava nas mãos da nobreza, a classe aristocrática, e seu representante, em cada país, era a monarquia absolutista; isto é, um rei com poderes absolutos (não existia democracia etc.) garantia os privilégios de sua classe social, exatamente a nobreza.
Na primeira metade do séc. XVIII, notadamente em França e Inglaterra, surgem novos pensadores que propõem uma filosofia revolucionária para o período: O Iluminismo. Baseado, em síntese, em valores como Razão e Liberdade, procurava-se denunciar os entraves que impediam de fato que o período fosse “moderno”, mantendo-o preso a valores “antigos” (muitos, inclusive, resíduos medievais).
Resultado também do desenvolvimento das forças econômicas da Europa daquele contexto, podemos dizer que a filosofia iluminista, como origem, relacionava-se intimamente à classe burguesa, ascendente econômica e socialmente falando; porém, sem traduzir esta ascendência em poder político. Em resumo, procurando alcançar o poder político, como forma, até mesmo, de aumentar seus lucros, pensadores políticos relacionados, de alguma maneira, à burguesia, e dentro dos parâmetros iluministas, desenvolvem um conjunto de ideais (econômicas, sociais, políticas e culturais) que passam a nortear os planos e as ações da burguesia na sua luta contra a nobreza pelo poder; estamos falando de uma ideologia que nasce a partir da “Filosofia das Luzes”: O Liberalismo.   
Pensar e agir. Se na primeira metade do séc. XVIII, surgem o Iluminismo e o Liberalismo (filosofia e ideologia política relacionados aos interesses burgueses e seus sistema socioeconômico, ou seja, o capitalismo), como uma espécie de plano, na segunda metade do mesmo século, vem a ação. As chamadas revoluções burguesas (a 1ª Revolução Inglesa, a Independência dos EUA e a Revolução Francesa), inspiradas nas ideias iluministas, aos poucos foram substituindo a nobreza no comando dos Estados nacionais e no seu lugar colocando a burguesia; ou seja, o Absolutismo e o Mercantilismo foram sendo substituídos pelo Liberalismo – político ("a democracia burguesa") e econômico (a não intervenção do Estado na economia). (Então, em relação à primeira afirmação deste texto, a Liberdade do Liberalismo está vinculada a liberdade da burguesia, de estar no poder político e aumentar seus ganhos econômicos, contra quaisquer forças sociais e políticas que lhe venha a se opor – sejam essas forças ligadas às classes mais aristocráticas ou populares).
Se no final da Época Moderna o Liberalismo apresentava-se ao Ocidente como revolucionário; no séc. XIX, no início da Época Contemporânea, com a burguesia no poder e o capitalismo como sistema socioeconômico hegemônico, essa ideologia torna-se conservadora. Desenvolve-se, como expressão deste poder, desta hegemonia deste e conservadorismo, um sistema político baseado em uma interpretação liberal da Democracia, “a democracia representativa” (indireta e, portanto, muito diferente da Democracia direta criada na cidade de Atenas na Antiguidade, que era direta), que passa a organizar a maioria dos países.
Não obstante a circunstância da “Democracia Liberal”, de certa maneira, “descender” da “Democracia Ateniense”, ela, a “Democracia Liberal”, em verdade, não tinha nada de democrático. Um modelo de gerenciamento do Estado baseado em uma política de formato liberal (caracterizado por “voto”, “parlamento” e “constituição”), mas sem um verdadeiro conteúdo democrático. O séc. XIX foi marcado por um tipo de política em que as classes populares estiveram completamente afastadas de qualquer vínculo com as decisões do Estado, e por isso ficavam a mercê de uma situação econômica muito desfavorável. Era necessário que novas forças sociais surgissem, propondo novas ideologias revolucionárias, que orientassem também novas propostas para a política e, assim, se processar alterações significativas nas relações econômicas. Mas isso fica para a próxima aula.

Obs.: Lembrar que o Liberalismo, enquanto ideologia dominante, burguesa e capitalista, tem como opositores outras ideologias do século XIX, que em conjunto chamamos de Socialismo - "Os Socialismos Utópicos" (em um contexto filosófico e literário do Romantismo do início do séc. XIX), O Anarquismo e O Marxismo (de Karl Marx e Engels), também conhecido como Marxismo ou Comunismo.
Poderíamos, ainda, sobre as ideologias do século XIX, falarmos sobre o Nacionalismo (tente pesquisar).  

Vídeo 1 - As Ideologias Políticas mais importantes do Séc. XIX, incluindo o Liberalismo:


Vídeo 2 - O Liberalismo visto de uma maneira um pouco, digamos, "Divertida"



Vídeo 3 - Um pequeno vídeo sobre Filosofia Política ilustrando rapidamente algumas ideias acerca do Liberalismo Político: 



Vídeo 4 - Um Histórico sobre o pensamento Político Liberal:


Vídeo 5 - Uma Crítica (inspirada no Socialismo) ao Liberalismo e um "Link" entre o Liberalismo, dos séculos XVIII e XIX, e o Neoliberalismo, do XX e XXI:



sábado, 13 de julho de 2013

A INDUSTRIALIZAÇÃO

2º Ano – 3º Bimestre/2013

Aula 1 – A revolução Industrial e mudanças no sistema capitalista  

Capitalismo e Industrialização – Séculos XVIII e XIX; passagem do final da Época Moderna para o início da Época Contemporânea.

1ª Revolução Industrial – Inglaterra; aproximadamente pelos idos de 1760 (precisamos entender as razões por ter ocorrido na Inglaterra; como ela ocorreu; e quais suas consequências).

2ª Revolução Industrial – Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Rússia, EUA e Japão; aproximadamente pelos idos de 1860 (idem).

Tente:
  • Comparar os dois processos socioeconômicos;
  • Além de verificar os efeitos no mundo, verificá-los também sobre a América Latina, sobretudo no Brasil;
  • Compreender as mudanças socioeconômicas e ambientais resultantes do processo de industrialização;
  • Correlacionar o papel das inovações técnicas e tecnológicas às mudanças do sistema capitalista.